#MaisEuropaNosAçores \ Razão 4

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1986 marca o ano de adesão de Portugal à União Europeia. É tempo de olharmos ao que foi feito e de retirarmos conclusões que nos permitam responder (pragmaticamente) à questão “o que fez a UE por nós?”. Vamos a isso. 

A Europa faz-se de olhos postos no futuro. Incutiu-nos nestes mais de 30 anos uma visão estratégica de desenvolvimento regional e canalizou fundos para pormos ideias em prática e vermos resultados concretos.

Fazer diferente e fazer melhor

Aquilo que produzimos hoje não será necessariamente suficiente para responder às expectativas do amanhã. Nem mesmo todas as expectativas ou necessidades do amanhã são já conhecidas hoje. O investimento constante na ciência, na investigação e desenvolvimento leva-nos a identificar oportunidades, explorar ideias e criar novas soluções. É o fazer diferente e fazer melhor. Inovar é acrescentar valor de uma forma mais eficiente e trata-se do motor muito necessário para a evolução da economia e da sociedade. A garra de quem se levanta depois de um terramoto e reconstrói do zero deve ter influenciado a génese açoriana para se lançar ao novo e tentar – empreender. É verdade que ainda estamos longe de sermos pioneiros em muitas áreas, mas os investimentos têm ajudado empresas e empreendedores a arriscar e concretizar ideias de negócio que, invariavelmente, serão os empregos do amanhã e o tecido empresarial do futuro. Até 2030, a União Europeia espera apoiar 720 empresas açorianas nos domínios da investigação, inovação e TICs (tecnologias de informação e comunicação). Em 2016, já 506 empresas tinham apoios aprovados. Infraestruturas como os parques tecnológicos da Terceira e de São Miguel, cofinanciados a 85% pela União Europeia, criam condições para exponenciar as atividades de inovação na região. 

Mas vamos um passo atrás, ainda há muito a fazer – o objetivo da União Europeia para 2020 é de um investimento em investigação e desenvolvimento na ordem dos 3% do PIB. Em 2012 estávamos a pouco mais de 0,6% do PIB (a média portuguesa pouco passava dos 1,3% em 2017). Ainda assim, trata-se de uma mudança de pensamento que foi iniciada e que ainda, realisticamente, levará algum tempo até estar totalmente emaranhada nas linhas do ADN açoriano.

Uma região mais empreendedora

A economia açoriana muito se tem transformado. O aumento significativo do setor terciário obriga a que repensemos a empregabilidade dos jovens, cada vez mais qualificados. Encorajar o empreendedorismo parece uma boa ideia para se criarem novas empresas e se provocar o crescimento daquelas que já existem. O tal ‘pensar fora da caixa’ é uma das vias que nos levará a um reforço da nossa competitividade. Os programas de apoio ao empreendedorismo financiados pela União Europeia apoiaram desde 1986, a criação de mais de 5.000 empresas. Tantos outros negócios familiares (por exemplo na área do turismo o caso dos alojamentos locais, mas também dos restaurantes e cafés ou empresas de animação turística) têm beneficiado de apoios diretos para catapultar o seu crescimento. É este o ciclo virtuoso que se quer: investimento reprodutivo em ideias inovadoras – no fazer diferente e fazer melhor – que criam emprego e aumentam a riqueza da população. Ganha a economia e ganham principalmente as pessoas.

Nem sempre é fácil vermos resultados concretos no esforço que vem da Europa. Mas é certo que facilmente encontramos uma marca europeia por detrás de muito daquilo que é o contexto açoriano hoje. O balanço é positivo e a Europa não é mais lá distante. Por isso não a podemos ignorar, nem tampouco deixar de retribuir. No próximo dia 26 de maio, as eleições europeias elegem aqueles que vão trabalhar para garantir que a União Europeia está próxima da nossa Região e nos apoia a colmatar as lacunas que – por sermos ilhéus a meio Atlântico – tanto nos condicionam. Votar é essencial, pelo futuro da nossa Europa e para que haja cada vez mais Europa nos nossos Açores.

Paulo Rangel
Lídia Pereira
José Manuel Fernandes
Maria Graça Carvalho
Cláudia Monteiro de Aguiar
Carlos Coelho