Sofia Ribeiro defende a classe média em Berlim

Sofia Ribeiro defende a classe média em Berlim

Sofia Ribeiro garantiu que “a classe média, como a conhecemos hoje em dia, corre o risco desaparecer”. A afirmação foi proferida esta terça-feira, 9 de outubro, em Berlim, no think-thank European Ideas Network (EIN), evento do Partido Popular Europeu (PPE), numa conferência que pretendia caracterizar a dimensão e a situação da classe média na Europa.

Não há um consenso global sobre a definição de classe média”, começou por explicar a Deputada ao Parlamento Europeu, no entanto, uma coisa parece-me clara: estando a própria classe média dividida em três subclasses − a média-baixa, a média-central e a média-alta −  estamos a assistir a uma cada vez maior concentração de indivíduos na classe média-baixa e diversificação no que respeita ao acesso à educação, pelo acesso à cultura e pelo acesso às oportunidades de trabalho, de entre outros, o que pode justificar uma nova categorização de classes sociais através de outros critérios que não os económicos”.

“Uma classe média grande e forte é fundamental, não só para reduzir as desigualdades sociais, como também para garantir a sustentabilidade dos sistemas de segurança social. É a espinha dorsal do crescimento económico sustentado e da estabilidade política, estando, neste momento, a lutar para se manter no patamar que sempre lhe foi associado”, reiterou a Social-democrata.

A deputada explicou que desde o período entre a Segunda Guerra Mundial e os anos 1990 “a classe média teve uma grande evolução devido ao rápido crescimento económico e ao aumento das oportunidades de trabalho no setor públicoContudo, a partir dos anos 90, a classe média começou a diminuir, situação que se agravou com a crise económica, financeira e social e que se perspectiva venha ainda a agudizar-se com a perda de poder de compra a nível mundial, que se está a deslocar para Oriente”.

O EIN, plataforma coordenada pelo Eurodeputado Paulo Rangel, é uma das maiores redes mundiais de think-thanks. A última edição do seminário decorreu esta semana, de 9 a 10 de outubro, na capital alemã, e incidiu, sobretudo, na “Criação de riqueza para todos - Quais as políticas que ajudam a fortalecer a confiança nas economias de mercado”, colocando a ênfase na cultura do empreendedorismo e na situação das classes médias da Europa.

Sofia Ribeiro adiantou que“não existe uma classe média europeia homogénea, sendo que a evolução dos tempos está a desmontar por completo o estereótipo desta classe e as áreas de trabalho que lhe estavam associadas”. “Preocupam-me sobretudo os jovens que, com o aumento do desemprego, tornam-se parte integrante de uma geração que perde a esperança de, no futuro, pertencer à classe média, bem como o facto de não nos estarmos a empenhar para acompanharmos os desafios da digitalização e da robótica que causarão pressão sobre 1.200 milhões de empregos nos próximos 30 anos”, lamentou.

A Eurodeputada terminou a sua intervenção afirmando que “a classe média é o pilar da Democracia e funciona como modelador da sociedade e regulador da governação, o que implica que as políticas públicas não podem descurar nem a caracterização nem as aspirações deste grupo social, sob pena de assistirmos, inclusivamente, a uma regressão económica”.