Sofia Ribeiro critica "técnicos de gabinete" da Comissão Europeia

Sofia Ribeiro critica "técnicos de gabinete" da Comissão Europeia

A Eurodeputada Sofia Ribeiro interveio enquanto representante da Comissão do Emprego e Assuntos Sociais, esta segunda-feira, no diálogo estruturado entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia sobre a possível suspensão de fundos a Portugal e Espanha. 

Nesta reunião conjunta, em que estiveram presentes Jyrki Katainen, Vice-presidente da Comissão Europeia, e Corina Cretu, Comissária com a pasta da política regional, Sofia Ribeiro manifestou a posição da Comissão que representou contra aplicação de quaisquer cortes de fundos a Portugal e Espanha, defendendo que a situação em debate é absolutamente esquizofrénica” e“extemporânea porque ainda não está esgotado o prazo para estes países relatarem quais as ações de correção que tomaram ou vão tomar.”

Durante a sua intervenção, Sofia Ribeiro relembrou o Comissário Katainen sobre os recorrentes elogios tecidos a Portugal pelo próprio e defendeu que “cortes no investimento são incompatíveis com o crescimento e não há qualquer forma de os aplicarmos suavemente”, tendo prosseguido, afirmando que “nem existem fundos de primeira e fundos de segunda. De forma directa ou indirecta, todos os fundos estruturais e de investimento promovem o reforço da coesão territorial e social, quer através do apoio directo às pessoas e às instituições, quer através dos mecanismos europeus que permitem às empresas gerar emprego e crescimento, combatendo a pobreza”“Não podemos retirar a Portugal e Espanha a solidariedade europeia quando estes mais precisam, desperdiçando o enorme esforço desenvolvido por estes Povos nos últimos anos”, acrescentou.

Sofia Ribeiro, em tom muito crítico para com a Comissão, defendeu que “Temos de decidir se somos políticos ou tecnocratas. Se nos cingimos a aplicar cegamente as diretrizes dos técnicos de gabinete ou se temos a capacidade e a coragem de garantir que elas dão resposta às necessidades dos cidadãos europeus”.

A terminar a sua intervenção, Sofia Ribeiro fez uma analogia entre a ação da Comissão e a situação que os dois Estados-Membro atravessam, pois “age como um médico que explica ao seu paciente como tomar os medicamentos e os benefícios dos mesmos, mas depois não os prescreve”, finalizando com o alerta de que “o que decidirmos aqui terá duas consequências: ou continuaremos a cavar o fosso entre os cidadãos europeus e o projecto europeu, ou começamos a inverter este processo. Não se iludam. A decisão que tomarmos não afectará apenas Portugal e Espanha, mas sim toda a União Europeia”.

Recorde-se que a Eurodeputada social-democrata viu aprovada, no dia 26 do passado mês de Setembro, em Comissão Parlamentar, a opinião sobre “a implementação das prioridades de 2016 para o Semestre Europeu”, da qual foi relatora do Parlamento Europeu. Este foi o primeiro documento escrito a expressar a posição desta instituição contra a aplicação de cortes nos fundos ao nosso país.